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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Catecismo, A resposta sobre as dúvidas

3ª Parte

Esse texto faz  parte de um artigo encontrado em 
http://www.pr.gonet.biz/kb_read.php?pref=htm&num=476 
Dom Estêvão Bettencourt


Pecado Mortal e Pecado Venial
O texto distingue pecado mortal e pecado venial apenas, e não pecado leve, grave e mortal, como se tem lido em alguns Manuais de Teologia Moral:
"Convém classificar os pecados segundo a sua gravidade. Já perceptível na Escritura (1Jo 5,16s), a distinção entre pecado mortal e pecado venial se impôs na tradição da Igreja. A experiência dos homens a corrobora" (§ 1854).
"Para que um pecado seja mortal, requerem-se três condições simultâneas: 'É pecado mortal todo pecado que tenha por objeto uma matéria grave, e que seja cometido com plena consciência e com propósito deliberado' (Exortação Apostólica Reconciliação e Penitência n° 17)" 1857).
"Comete-se um pecado venial quando não se observa em matéria leve a medida prescrita pela lei moral, ou quando se desobedece à lei moral em matéria grave, mas sem pleno conhecimento de causa ou sem inteiro consentimento" (§ 1862).
Passamos agora a questões que a imprensa abordou em tom pouco respeitoso.
Pena de Morte. Guerra Defensiva
A Igreja não tem posição definida diante da questão da pena de morte. Reconhece que pode ser legítima em casos de defesa da sociedade para os quais não se veja outra solução. Julga, porém, que se devem preferir alternativas mais brandas, desde que se lhes possa prever a eficácia de salvaguardar o bem comum:
"Preservar o bem comum da sociedade exige que o agressor seja impossibilitado de a prejudicar. A este título, o ensinamento tradicional da Igreja reconheceu a validade do direito e do dever, da autoridade pública legítima, de punir com penas proporcionais à gravidade do delito, sem excluir, em casos de extrema gravidade, a pena de morte. Por razões análogas os detentores da autoridade têm o direito de rechaçar pelas armas os agressores da nação que lhes é confiada" (§ 2266).
"Se bastam os recursos não sangrentos para defender a vida humana contra o agressor e proteger a ordem pública e a segurança das pessoas, as autoridades deverão ater-se a esses meios, porque correspondem melhor às condições concretas do bem comum e são mais conformes à dignidade da pessoa humana" (§ 2267).
Alias, não se pode esquecer que a pena de morte era vigente no Antigo Testamento, segundo a Lei de Moisés; cf. Lv 20,8-21.
 A Prostituição
A prostituição é condenada como pecado grave. O Catecismo, porém, julga que nem todas as pessoas que se prostituem são igualmente culpadas; pode haver aqueles e aquelas que são, de algum modo, induzidos a isto, com responsabilidade atenuada, porque não devidamente livres ou esclarecidos. Só Deus vê as consciências. Ao observarmos o fato bruto e objetivo da prostituição, devemos condená-lo peremptoriamente; todavia mal sabemos o que possa haver de constrangimento, confusão, ignorância ou tara no íntimo das pessoas que se entregam ou que são entregues à prostituição:
"A prostituição fere a dignidade da pessoa que se prostitui, reduzida ao prazer venéreo que dela se tira. Aquele que paga, peca gravemente contra si mesmo; viola a castidade à qual o obriga o seu Batismo e polui seu corpo, templo do Espírito Santo (cf. 1Cor 6,15-20). A prostituição vem a ser um flagelo social. Afeta habitualmente mulheres, mas também homens, crianças ou adolescentes (nestes dois últimos casos, o pecado é agravado pelo escândalo). É sempre gravemente pecaminoso entregar-se à prostituição, mas a miséria, a chantagem e a pressão social podem atenuar a imputabilidade da falta" (§ 2355).
 Homossexualismo
É outra aberração moral, porque contrária à lei natural. Todavia é preciso evitar desprezo das pessoas homossexuais; mediante a ajuda sincera e desinteressada de pessoas amigas, podem gradativamente encaminhar-se para a perfeição cristã, desde que vivam castamente:
"O homossexualismo designa relações entre homens ou mulheres que experimentam atração sexual, exclusiva ou predominante, para com pessoas do mesmo sexo. Assume modalidades muito variadas através dos séculos e das culturas.
A sua origem psíquica está, em grande parte, inexplicada. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que as apresenta como depravações graves (cf. Gn 19,1-29; Rm 1, 24-27; 1Cor 6,10; 1Tm 1,10), a Tradição sempre declarou que 'os atos homossexuais são intrinsecamente desordenados'. São contrários à lei natural. Fecham o ato sexual ao dom da vida. Não procedem de uma complementaridade afetiva e sexual verdadeira. Não podem ser aprovados em caso algum" (§ 2357).
"Não poucos homens e mulheres apresentam tendências homossexuais básicas... Não escolhem sua condição homossexual; esta vem a ser, para a maioria deles, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evite-se para com eles todo sinal de discriminação injusta. Essas pessoas são chamadas a realizar a vontade de Deus na sua vida e, se são cristãs, chamadas a unir ao sacrifício da Cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar pelo fato de serem tais" (§ 2358).
"As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes do auto-domínio, que educam a liberdade interior, algumas vezes pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem aproximar-se, gradativa e resolutamente, da perfeição cristã" (§ 2359).
Notemos que o texto do § 2358 exclui a discriminação injusta dos homossexuais. Isto quer dizer que pode haver discriminação justa: com efeito, esta ocorre sempre que o bem comum corra perigo, ou sempre que a anormalidade possa ser confundida com a normalidade ou, ainda, sempre que haja perigo de desvio para pessoas não homossexuais.
Adivinhação, Horóscopo, Quiromancia...
A imprensa em 1992 comentou amplamente tais itens, deturpando os dizeres do Catecismo, que são os seguintes:
"Deus pode revelar o futuro aos seus profetas ou a outros Santos. Todavia a atitude cristã correta consiste em entregar-se confiantemente nas mãos da Providência no que diz respeito ao futuro e em abandonar toda curiosidade mórbida a tal propósito. A imprevidência, porém, pode tornar-se uma falta de responsabilidade" (§ 2115).
"Todas as formas de adivinhação hão de ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demônios, evocação dos mortos ou outras práticas erroneamente tidas como aptas para desvendar o futuro (cf. Dt 18,10; Jr 29,8). A consulta de horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e sortes, os fenômenos de vidência, o recurso aos médiuns incluem a vontade de dominar o tempo, a história e também os homens, assim como o desejo de conciliar potências ocultas. Estão em contradição com a honra e o respeito, mesclado de temor amoroso, que devemos a Deus somente" (§ 2116).
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São estes alguns espécimes do conteúdo do Catecismo da Igreja Católica. Vemos que se trata de ensinamentos coerentes com a S. Escritura e a Tradição, formulados de modo claro, visando, quando necessário, a atender a problemas e questionamentos do mundo atual.
Tal obra é tida, com base sólida, como a mais notável e significativa de todo o benemérito pontificado do Papa João Paulo II.

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