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Dom Estêvão Bettencourt
Em síntese: O "Catecismo da
igreja Católica", promulgado em 1992 pelo Papa João Paulo II, vem a ser o
referencial para se ensinar a doutrina católica no mundo inteiro; propondo em
termos claros e simples a mensagem da fé, dissipa as dúvidas que ultimamente
têm sido levantadas a respeito de pontos do Credo; desta forma o povo de Deus
terá como se orientar frente a teorias que hoje o sacodem.
O texto foi elaborado por uma
Comissão de Cardeais e Bispos no decorrer de seis anos de estudo, passando por
redações diversas resultantes de consultas feitas a peritos e a todo o
episcopado católico. Consta de 2863 parágrafos, distribuídos em quatro Partes:
1) A Fé Professada (Credo); 2) A Fé Celebrada (Sacramentos e Liturgia); 3) A Fé
Vivenciada (Moral); 4) A Fé feita Oração (Oração em geral e Pai-Nosso).
A obra destina-se a todos os
fiéis da Igreja, podendo ser lida com proveito por clérigos e leigos. Os
Catecismos regionais deverão levá-la em consideração de modo a garantir a
homogeneidade do ensino da fé católica no mundo inteiro. Como se vê, a obra
veio preencher uma lacuna muito grave, dada uma certa desorientação em matéria
catequética hoje existente. Aliás, já em outras épocas a Igreja sentiu a
necessidade de publicar um Catecismo oficial: tal foi o caso do Catecismo
Tridentino (1566) e o do Catecismo de Pio X (1912).
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Foi lançado pelo Papa João Paulo
II, aos 7-8/12/1992, o "Catecismo da Igreja Católica", (ver online )
destinado a servir de padrão a qualquer Catecismo regional. Os fiéis têm assim
um referencial seguro para dirimir dúvidas relativas a pontos de fé hoje em dia
controvertidos. Não restará motivo para hesitar diante de teorias propostas por
autores contemporâneos, desejosos de traduzir a fé numa linguagem moderna, mas
nem sempre bem sucedidos.
Examinaremos as características
de tal obra em geral. Após o quê, passaremos à consideração de certos temas de
relevo nela abordados. ([1])
1. TRAÇOS GERAIS
Antes do mais, devemos notar que
não se trata de um Catecismo no sentido de' livro didático para crianças, mas
antes temos em mãos um compêndio da fé, como observa o próprio S. Padre na
Constituição Apostólica Fidei Depositum (de 11/10/92), que apresenta a obra;
esta é "uma exposição da fé da Igreja e da doutrina católica, atestada ou
esclarecida pela S. Escritura, pela Tradição Apostólica e o magistério da
Igreja" (ibidem no 4).
1.1. Dados históricos
Percorrendo os antecedentes de
tal obra, verificamos que a catequese ou a transmissão sistemática da doutrina
da fé sempre foi praticada pela Igreja desde os seus primórdios, consoante o
mandamento do Senhor Jesus em Mt 28, 18-20. A transmissão se fazia, a
princípio, por via meramente oral. Aos poucos, porém, foi-se sentindo a
necessidade de redigir por escrito algumas sínteses da pregação, que
facilitassem a memória dos ouvintes. Assim surgiram os Evangelhos canônicos,
que são o eco da pregação oral dos Apóstolos.
Houve também recurso às imagens,
que, representando cenas da história sagrada, se tornavam a Bíblia pauperum ou
a Bíblia dos mais simples ou dos iletrados.
Na Idade Média, S. Antônio de
Pádua (+1231) e S. Bernardino de Sena (+1444) se distinguiram pela sua obra
catequética.
No século XVI as controvérsias
religiosas suscitadas pelo protestantismo levaram a Igreja a publicar um
catecismo oficial dito "Catecismo Tridentino" ou do Concílio de
Trento (editado em 1566), que até nossos dias tem sido referencial para
Catecismos regionais.
No início do século XX o
racionalismo vigente fez que o Papa S. Pio X se interessasse pela redação de
novo compêndio da fé em linguagem da época, visando aos problemas do seu tempo:
em 1912 publicou o Catecismo de Pio X.
Finalmente, após a segunda guerra
mundial (1939-45) a fé foi sacudida por teorias diversas, que deixaram confusas
as mentes de muitos fiéis. Por isto, por ocasião do Sínodo Geral dos Bispos de
1985, vinte anos após o Concílio do Vaticano II, os Padres Sinodais pediram ao
S. Padre João Paulo II que mandasse redigir um Catecismo ou Compêndio da Fé
Católica que respondesse às interrogações do povo de Deus e dirimisse as
dúvidas lançadas sobre os fiéis. Assim se manifestaram os Bispos Sinodais
reunidos em Roma no ano de 1985:
"Deseja-se... que seja
redigido um Catecismo de toda a Doutrina Católica tanto em matéria de fé como
em Moral; servirá de referencial... A apresentação deve ser tal que seja
bíblica e litúrgica, ofereça uma doutrina íntegra e... adaptada à vida atual
dos cristãos".
Em conseqüência, o Papa nomeou uma
Comissão de Cardeais, presidida pelo Cardeal Josef Ratzinger, a quem confiou a
tarefa de examinar (fosse para aprovar, fosse para emendar) o texto que devia
ser elaborado por outra Comissão de cinco ouoito redatores, escolhidos pelo
Cardeal Ratzinger dentre os Bispos devotados à Pastoral.
Os redatores elaboraram dois
esquemas; depois, um Anteprojeto, submetido a quarenta peritos, o Projeto e o
Projeto Revisado. Este foi enviado a todo o episcopado em outubro de 1989 a
título de consulta; em conseqüência, foram apresentadas 24.000 propostas de
emenda à Comissão Redatora, propostas que foram classificadas e analisadas
mediante computador; 90% do episcopado havia-se manifestado favorável ao texto,
sendo que a Parte relativa à Moral era a mais sujeita a sugestões de emenda.
Levadas em conta as propostas do episcopado, elaborou-se um texto
pré-definitivo; a seguir, uma outra versão também pré-definitiva; por último,
estava pronto o texto definitivo, que as Comissões aprovaram unanimemente aos
14/02/1992. Finalmente o texto foi entregue ao Santo Padre, que desejou ainda
alguns retoques e o aprovou definitivamente aos 26/06/1992.
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