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Dom Estêvão Bettencourt
Os Anjos
A realidade dos anjos é professada com toda a Tradição cristã,
assim como a queda de parte dos mesmos, que se tornaram adversários do plano
salvífico de Deus e sedutores do homem para o pecado. Eis o texto respectivo:
"A
existência dos seres espirituais, não corpóreos, que a Sagrada Escritura
habitualmente chama anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura é tão
nítido quanto a unanimidade da Tradição" (§ 328).
"Como
criaturas puramente espirituais, têm inteligência e vontade; são criaturas
pessoais e imortais. Ultrapassam em perfeição todas as criaturas visíveis. O
brilho da sua glória dá testemunho disto (cf. Dn 10,9-12)" (§ 330).
"A
Escritura fala de um pecado desses anjos. Essa queda consiste na livre escolha
desses espíritos criados, que, de maneiraradical e irrevogável, recusaram Deus e seu reino. Encontramos um
reflexo dessa rebelião nas palavras do tentador aos nossos primeiros pais: 'Vós
vos tomareis como Deus' (cf. Gn 3,5). O diabo é 'pecador desde a origem' (1Jo
3,8), 'pai da mentira' (Jo 8, 44)"
(§ 392).
"É o caráter irrevogável da escolha dos anjos, e não uma
deficiência da infinita misericórdia de Deus, que faz que o seu pecado não
possa ser perdoado. 'Eles não sentem arrependimento após a queda, como não há
arrependimento para os homens após a morte' (São João Damasceno, Fé Ortodoxa
2,4)" (§ 393).
O
Purgatório Póstumo
O
purgatório póstumo é entendido como um estado onde, após a morte, as almas dos
fiéis que ainda tragam resquícios do pecado, repudiam plenamente essas sombras
que lhes impedem a visão de Deus face-a-face. Percebendo claramente a hediondez do pecado,
ainda que leve, o cristão, na outra vida, se liberta de qualquer afeto
desregrado com que tenha morrido. Para que isto ocorra, os fiéis neste mundo
podem oferecer a Deus suas preces em favor das almas do purgatório:
"Aqueles
que morrem na graça e na amizade de Deus, mas imperfeitamente purificados,
estão certos da sua salvação eterna, todavia sofrem uma purificação póstuma, a
fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do céu" (§
1030).
"A
Igreja chama purgatório essa purificação final dos eleitos, purificação que é
totalmente diversa da punição dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da
fé relativa ao Purgatório principalmente nos Concílios de Florença e de Trento"
(§ 1031).
"Este
ensinamento baseia-se também sobre a prática da oração pelos defuntos de que já
fala a Escritura Sagrada: 'Eis por que Judas Macabeu mandou oferecer este
sacrifício expiatório em prol dos mortos, a fim de que fossem purificados de
seu pecado' (2Mc 12,46). Desde os primeiros tempos a Igreja honrou a memória
dos defuntos e ofereceu sufrágios em favor dos mesmos, particularmente o
sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, possam chegar à visão
beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as
obras de penitência em favor dos defuntos" (§ 1032).
A respeito do Purgatório e dos sufrágios ver ulteriores
considerações no recém-publicado Curso de Novíssimos (Escatologia) pela Escola
"Mater Ecclesiae", Caixa postal 1362, 20001-970 Rio (RJ).
Ressurreição da carne
Eis
outro ponto que suscita dúvidas hoje, pois quem não distingue entre corpo e
alma afirma que a ressurreição ocorre logo depois da morte do indivíduo. Tal não é a doutrina da Igreja, que,
professando a distinção de corpo e alma, atribui a ressurreição ao fim dos
tempos, com base na Escritura e na Tradição:
"O Credo cristão... culmina na proclamação da ressurreição
dos mortos no fim dos tempos e na vida eterna" (§ 988).
"Que é 'ressuscitar'? Em conseqüência da morte, separação
da alma e do corpo, o corpo humano sofre a deterioração, ao passo que a sua
alma vai ao encontro de Deus, permanecendo na expectativa de ser reunida ao seu
corpo glorificado. Deus, em sua onipotência, restituirá definitivamente a vida
imortal aos nossos corpos, unindo-os às nossas almas, em virtude da
Ressurreição de Jesus" (§997).
"Quando? Definitivamente 'no último dia' (cf. Jo 6,39s.
44. 54; 11,24), no fim do mundo (Constituição Lúmen Gentium no 48). Com efeito,
a ressurreição dos mortos está intimamente associada à segunda vinda de Cristo"
(§ 1001).
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