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Dom Estêvão Bettencourt
Examinaremos
dez assuntos de interesse candente.
O
Ser Humano
De
acordo com toda a Tradição, o Catecismo ensina que o homem consta de corpo
(material) e alma (espiritual); são realidades distintas uma da outra, que se
unem entre si para formar o ser uno que é o homem.
"A
pessoa humana, criada à imagem de Deus, é um ser corporal e espiritual"
(§ 362).
"Não
raro o termo alma designa na Sagrada Escritura a vida humana ou toda a pessoa
humana. Mas designa também o que há de mais íntimo no homem e de mais valioso,
designa aquilo por que o homem é mais particularmente imagem de Deus: 'alma'
significa o princípio espiritual no homem" (§ 363).
"A
Igreja ensina que cada alma espiritual é imediatamente criada por Deus - não é
'produzida' pelos pais -; Ela ensina
também que a alma é imortal; não perece quando se separa do corpo na morte, e
se unirá de novo ao corpo por ocasião da ressurreição final" (§ 366).
A
distinção de corpo e alma aqui professada nada tem que ver com dualismo. Este
implica antagonismo ontológico entre dois elementos (um seria por si bom, o
outro por si mau); isto não é cristão. Para escapar do dualismo, não há
necessidade de recorrer ao monismo; entre dualismo e monismo existe a
dualidade, que é a distinção de dois elementos entre si, sem implicar
antagonismo; tal é o caso de corpo e alma.
O
Pecado Original
O texto
afirma a elevação dos primeiros pais à justiça original ou a um estado de
riqueza espiritual, que devia ser confirmado pela livre aceitação do homem.
Submetido a uma prova (simbolicamente expressa pela proibição de comer de uma
fruta), o homem disse Não ao dom de
Deus. Conseqüentemente perdeu os dons originais e os seus descendentes nascem
privados de tais dons, sentindo em si as conseqüências do pecado (a desordem
das paixões, o sofrimento e a morte como arranco doloroso).— Eis os textos do
Catecismo:
"O
homem não somente foi criado bom, mas foi constituído em amizade com o seu
Criador e harmonia consigo mesmo e com as criaturas que o cercavam..."
(§ 374).
"A
Igreja, interpretando de modo autêntico o simbolismo da linguagem bíblica à luz
do Novo Testamento e da Tradição, ensina que nossos primeiros pais Adão e Eva
foram constituídos num estado de santidade e justiça original. Esta graça da
santidade original era uma 'participação da vida divina' " (§ 375).
"Pela
irradiação dessa graça, todas as dimensões da vida do homem foram
reconfortadas. Enquanto permanecia na intimidade com Deus, o homem não devia
morrer (cf. Gn 2,17; 3,19) nem sofrer (cf. Gn 3,16). A harmonia íntima da
pessoa humana, a harmonia entre o homem e a mulher (cf. Gn 2,25), enfim a harmonia
entre o primeiro casal e todas as criaturas constituíam o estado chamado
'justiça original' " (§ 376).
"O domínio do mundo que Deus concedera ao homem desde o
início, realizava-se, antes do mais, no homem mesmo como autodomínio. O homem
era íntegro e ordenado em todo o seu ser, porque livre da tríplice
concupiscência (cf. Jo 2,16) que o sujeita aos prazeres dos sentidos, à cobiça
dos bens terrestres e à autoafirmação contrária aos imperativos da razão"
(§ 377).
"O
sinal da familiaridade com Deus é que Deus o colocou no jardim (cf. Gn 2,8). Lá
vivia o homem para cultivar o solo e guardá-lo (cf. Gn 2,15); o trabalho não é
uma pena (cf. Gn 3,17-19), mas a colaboração do homem e da mulher com Deus para
o aperfeiçoamento das criaturas visíveis" (§ 378).
"Toda
essa harmonia da justiça original, prevista para o homem segundo o desígnio de
Deus, foi perdida pelo pecado de nossos primeiros pais" (§ 379).
O texto acentua a realidade do pecado original, que vem a ser uma
verdade essencial da fé:
"A
doutrina do pecado original vem a ser, por assim dizer, o 'reverso' da Boa-Nova
de que Jesus é o Salvador de todos os homens; todos têm necessidade de
salvação, salvação que é oferecida a todos graças a Cristo. A Igreja, que tem o
senso de Cristo (cf. 1ICor 2, 16), bem sabe que não se pode tocar na revelação
do pecado original sem afetar o mistério de Cristo" (§ 389).
"O
relato da queda (Gn 3) utiliza uma linguagem figurada, mas afirma um
acontecimento primordial, um fato que ocorreu no inicio da historia do homem
(cf. Constituição Gaudium et Spes 13 § 1). A Revelação nos dá a certeza, de fé,
de que toda a historia humana é marcada pela culpa original livremente cometida
por nossos primeiros pais" (§ 390).
Em suma, o tema "pecado original" não é da alçada da
razão filosófica nem da arqueologia, mas pertence estritamente ao âmbito da fé.
Por conseguinte, só pode ser elucidado a partir das fontes da fé, que o
Catecismo transmite autenticamente ao Povo de Deus.
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