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Prof. Felipe Aquino
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A diferença entre a Bíblia católica e a protestante
Entenda por que a Bíblia dos protestantes tem menos
livros
Demoraram alguns séculos para que a Igreja Católica
chegasse à forma final da Bíblia, com os 73 livros como temos hoje. Em vários
Concílios, ao longo da história, a Igreja, assistida pelo Espírito Santo (cf.
Jo 16,12-13) estudou e definiu o Índice (cânon) da Bíblia; uma vez que nenhum
de seus livros traz o seu Índice. Foi a Igreja Católica quem berçou a Bíblia.
Garante-nos o Catecismo da Igreja
e o Concílio Vaticano II que: “Foi a Tradição
apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deviamser enumerados na lista dos Livros Sagrados” (Dei Verbum 8; CIC,120). Portanto, sem a Tradição da
Igreja não teríamos a Bíblia. Santo Agostinho dizia: “Eu não acreditaria no Evangelho, se a isso não me levasse a autoridade da Igreja Católica” (CIC,119).
E por que a Bíblia católica é diferente da
protestante?
Esta tem
apenas 66 livros porque Lutero e, principalmente os seus seguidores, rejeitaram
os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirácida), 1 e
2 Macabeus, além de Ester 10,4-16; Daniel 3,24-20; 13-14.A razão disso vem de longe. No ano 100 da era cristã, os rabinos judeus se reuniram no Sínodo de Jâmnia (ou Jabnes), no sul da Palestina, a fim de definir a Bíblia Judaica. Isto porque nesta época começavam a surgir o Novo Testamento com os Evangelhos e as cartas dos Apóstolos, que os judeus não aceitaram. Nesse Sínodo, os rabinos definiram como critérios para aceitar que um livro fizesse parte da Bíblia, o seguinte:
·
Deveria ter sido escrito na Terra Santa;
·
Escrito somente em hebraico, nem aramaico e nem
grego;
·
Escrito antes de Esdras (455-428 a.C.);
·
Sem contradição com a Torá ou lei de Moisés.
Esses critérios eram puramente nacionalistas, mais
do que religiosos, fruto do retorno do exílio da
Babilônia em 537aC. Por esses critérios não foram
aceitos na Bíblia judaica da Palestina os livros que hoje não constam na Bíblia
protestante, citados anteriormente. Mas a Igreja católica, desde os Apóstolos,
usou a Bíblia completa. Em Alexandria no Egito, cerca de 200 anos antes de
Cristo, já havia uma influente colônia de judeus, vivendo em terra estrangeira
e falando o grego. O rei do Egito, Ptolomeu, queria ter todos os livros conhecidos
na famosa biblioteca de Alexandria; então mandou buscar 70 sábios judeus,
rabinos, para traduzirem os Livros Sagrados hebraicos para o grego, entre os
anos 250 e 100 a.C, antes do Sínodo de Jâmnia (100 d.C). Surgiu, assim, a
versão grega chamada Alexandrina ou dos Setenta, que a Igreja Católica sempre
seguiu. Essa versão dos Setenta, incluiu os livros que os judeus de Jâmnia, por
critérios nacionalistas, rejeitaram.
Mas a Igreja, ficou com a Bíblia completa da Versão
dos Setenta, incluindo os sete livros. Após a Reforma Protestante, Lutero e
seus seguidores rejeitaram os sete livros já citados. É importante saber também
que muitos outros livros, que todos os cristãos têm como canônicos, não são
citados nem mesmo implicitamente no Novo Testamento. Por exemplo: Eclesiastes,
Ester, Cântico dos Cânticos, Esdras, Neemias, Abdias, Naum, Rute. Outro fato importantíssimo
é que nos mais antigos escritos dos santos Padres da Igreja (patrística) os
livros rejeitados pelos protestantes (deuterocanônicos) são citados como
Sagrada Escritura.
Vários Concílios confirmaram isto: os Concílios regionais de Hipona (ano 393); Cartago II (397), Cartago IV (419), Trulos (692). Principalmente os Concílios ecumênicos de Florença (1442), Trento
1546) e Vaticano I (1870) confirmaram a escolha. No século XVI, Martinho Lutero (1483-1546) para contestar a Igreja, e para facilitar a defesa das suas teses, adotou o cânon da Palestina e deixou de lado os sete livros conhecidos, com os fragmentos de Esdras e Daniel.
Lutero, quando estava preso em Wittenberg, ao traduzir a Bíblia do latim para o alemão, traduziu também os sete livros (deuterocanônicos) na sua edição de 1534, e as Sociedades Bíblicas protestantes, até o século XIX incluíam os sete livros nas edições da Bíblia. Neste fato fundamental
para a vida da Igreja (a Bíblia completa) vemos a importância da Tradição da Igreja, que nos legou a
Bíblia como a temos hoje.
É interessante notar que o Papa São Dâmaso
(366-384), no século IV, pediu a S. Jerônimo que fizesse uma revisão das muitas traduções latinas que havia
da Bíblia, o que gerava certas confusões entre os cristãos. São Jerônimo revisou o texto grego do
Novo Testamento e traduziu do hebraico o Antigo Testamento, dando origem ao texto latino chamado de
Vulgata, usado até hoje.
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